Recontar a história do Brasil por uma perspectiva negra é o principal objetivo do afroturismo
Mais de 50% da população brasileira se autodeclara negra, como mostram os dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020. Entretanto, apesar dos números expressivos, nem sempre a contribuição desse povo é reconhecida dentro da história do país.
Nesse contexto surgiu o afroturismo, uma vertente que busca valorizar a cultura negra como parte importante para a formação do Brasil por meio de visitas a destinos ligados ao passado do povo negro. Já ouviu falar sobre essa iniciativa?
Se ainda não, acompanhe o conteúdo a seguir e descubra como funciona esse tipo de viagem. Depois disso, é só arrumar as malas e fechar a hospedagem em Salvador, Recife ou em outros destinos que te levarão a conhecer mais sobre a influência negra na história e na cultura do Brasil. Acompanhe a leitura!
O que é o afroturismo?
O afroturismo tem como objetivo levar as pessoas a vivenciarem mais a cultura negra, visitando pontos e experiências turísticas ligadas à herança deixada por esse povo no Brasil. Ele serve para trazer uma nova abordagem às narrativas da história do país, que quase sempre não leva em conta as contribuições dessa comunidade.
Só que, muito mais do que viajar até esses locais, essa iniciativa deve estimular um conjunto de práticas a serem adotadas para a valorização do povo negro, incluindo a oportunidade de que os trabalhadores negros se destaquem na cadeia turística, sejam eles pequenos artesãos ou empreendedores afrodescendentes.
Como funcionam as viagens do afroturismo?
Qualquer pessoa pode embarcar em um roteiro de afroturismo, ainda que o foco dessa viagem seja a população negra e sua identidade. Em relação às experiências, elas não se limitam apenas à visitação de lugares históricos, mas abrangem também outras manifestações culturais, como a gastronomia e as artes em geral.
Dessa forma, por exemplo, ao fazer um walktour em um destino do afroturismo, o viajante ouvirá a história daquele local pela perspectiva negra, conhecendo, assim, os fatos importantes ligados ao povo afrodescendente naquela região, que tiveram influência direta na construção da história local.
6 destinos brasileiros para fazer afroturismo
Sem dúvida, o que não faltam no Brasil são diferentes destinos turísticos que tenham relação com a cultura afrodescente. Na sequência, elencamos seis sugestões das principais cidades que não podem ficar de fora do seu roteiro para conhecer mais sobre o legado do povo negro no país. Confira!
1. Salvador (BA)
Conhecida por ser a capital com o maior percentual de negros, a cidade de Salvador é o lugar certo para uma viagem de afroturismo. Ao visitar o Pelourinho, por exemplo, o viajante pode ir ao Museu Afro-Brasileiro, que tem mais de mil peças da cultura africana, e em restaurantes especializados em pratos típicos afro-brasileiros.
2. São Paulo (SP)
Outra opção para um roteiro de afroturismo é a cidade de São Paulo, que ainda possui muitos espaços que preservam a história do povo negro. Por lá, é possível conhecer o Museu Afro, com mais de seis mil obras africanas, e a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, construída pela Irmandade dos Homens Pardos em 1728.
3. Rio de Janeiro (RJ)
Um roteiro de afroturismo na capital carioca não pode deixar de contemplar uma visita ao Cais do Valongo, zona portuária onde ocorria o desembarque de escravos no Brasil. Atualmente, ela se tornou um sítio arqueológico, considerado um dos locais mais importantes da América do Sul, associados à chegada de escravizados.
4. Ouro Preto (MG)
Em Minas Gerais, a cidade de Ouro Preto é uma das principais rotas para quem pretende explorar o legado da cultura negra no país. Isso porque ela ainda preserva muitas das contribuições deixadas pelo povo negro durante o Ciclo do Ouro, como a Mina Du Veloso e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
5. Recife (PE)
Outro destino brasileiro importante para o afroturismo é a cidade de Recife, em Pernambuco. Em uma visita por lá, vale a pena conhecer o monumento dedicado a Zumbi dos Palmares, principal líder negro dos quilombos, e o Pátio do Terço, onde ocorreu a Noite dos Tambores Silenciosos para celebrar os ancestrais africanos.
6. São Luís (MA)
Por último, não se esqueça de incluir a cidade de São Luís em seu roteiro de afroturismo. Nessa região, além de conferir o Museu Cafuá das Mercês, conhecido como Museu do Negro, você ainda tem acesso às casas religiosas fundadas pelos escravos no Brasil, como os terreiros Casa das Minas/Jeje e a Casa de Nagô.